quinta-feira, 23 de setembro de 2010

pitahaya propagação vegetativa

 
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Novidades de Pesquisa - Pitaya
INFLUÊNCIA DA FONTE MATERIAL E DO TEMPO DE CURA NA PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DA PITAYA VERMELHA (Hylocereus undatus Haw)
 
 

Renata Aparecida de AndradeI; Antonio Baldo Geraldo MartinsII; Marco Túlio Habib SilvaIII

RESUMO

A pitaya vermelha é uma cactácea cujos frutos são de interesse comercial crescente por produtores e consumidores. No entanto, ainda há diversos aspectos sobre seu cultivo que precisam ser elucidados, proporcionando rentabilidade ao produtor. Diante disso, realizou-se o presente trabalho, que teve como objetivo obter informações quanto à propagação vegetativa desta fruteira, utilizando-se de diferentes fontes de material em função do tempo de cura. O experimento foi realizado no Ripado de Fruticultura, pertencente ao Departamento de Produção Vegetal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Unesp - Câmpus de Jaboticabal-SP, utilizando estacas de plantas de pitaya de diferentes origens (planta adulta, estacas de brotações de plantas adultas recém-enraizadas e planta em início de desenvolvimento, originária de semente), submetidas a 3 períodos de cura: 0; 7 e 14 dias. As avaliações foram quanto a: enraizamento; volume de raiz; comprimento da maior raiz (cm); massas fresca e seca das raízes (gramas); número e tamanho das brotações nas estacas (cm). Foram realizadas 5 repetições, com 10 estacas cada, totalizando 150 estacas de cada material. Nas condições em que o experimento foi realizado, pode-se concluir que a estaquia deve ser realizada tão logo feita a segmentação dos cladódios e que as estacas obtidas de brotações de plantas recém-enraizadas apresentam melhores resultados.

Termos para indexação: estaquia; brotação; enraizamento.

Com a procura cada vez maior de alternativas por parte dos produtores rurais e de frutas exóticas pelos consumidores, o mercado de frutas tem crescido consideravelmente, observando-se espécies que, ainda há poucos anos, eram praticamente desconhecidas pela população em geral. Neste contexto, a pitaya vermelha vem sendo procurada não apenas pelo exotismo de sua aparência, como também por suas características organoléticas.

Os preços atualmente cotados nos mercados regional, nacional ou internacional, têm estimulado a extensão e a intensificação do cultivo da pitaya em diferentes sistemas de plantio, no México, Nicarágua, Malásia, Vietnã e Israel (Hesen & Tellez, 1995; Nerd & Mizrahi, 1997; Rodríguez, 2000).

A pitaya é uma cactácea pertencente ao gênero Hylocereus, originária da América, e de alto potencial agronômico e econômico (Ortiz & Livera, 1995).

Dentre os múltiplos nomes existentes para a pitaya, destaca-se "rainha da noite", pois suas grandes flores brancas ou rosadas abrem somente uma noite, fechando-se nas primeiras horas do dia seguinte. Nos países do oriente, como China, Vietnã, Malásia e Japão, é conhecida como "fruta dragão", pela semelhança com as escamas características da figura do dragão, sendo considerada como uma das mais belas do mundo (Morton, 1987; Mizrahi & Nerd, 1996). Há grande variabilidade entre as espécies quanto ao tamanho e coloração dos frutos, sendo que, em Hylocereus costaricensis, os frutos apresentam coloração vermelha tanto na casca quanto na polpa; em Selenicereus megalanthus, conhecida como "pitaya colombiana", a polpa é esbranquiçada e externamente o fruto possui coloração amarela e em S.setaceus, a casca é vermelha e a polpa esbranquiçada, como na H. undatus, porém o fruto é de tamanho menor e apresenta espinhos.

A pitaya vermelha (Hylocereus undatus Haw) é uma cactácea originária das Américas, estando distribuída na Costa Rica, Venezuela, Panamá, Uruguai, Brasil, Colômbia e México, sendo os dois últimos os principais produtores a nível mundial (Canto, 1993). Encontra-se maior diversidade genética no México e Nicarágua (Ortiz, 1999).

É uma planta perene e que comumente cresce sobre árvores ou pedras; tem raízes fibrosas, abundantes e desenvolve também numerosas raízes adventícias, que ajudam na fixação e na obtenção de nutrientes; os cladódios são triangulares, suculentos e apresentam espinhos com 2 a 4 mm de largura. A flor é hermafrodita, de coloração branca, grande (mede cerca de 20 a 30 cm de largura) e abre durante a noite. Os frutos são vermelhos externamente, muito atrativos ao consumidor, com polpa esbranquiçada, de sabor agradável, levemente adocicado, apresentando um grande número de diminutas sementes, de coloração preta (Canto, 1993).

A propagação da pitaya é comumente realizada através da estaquia, sendo utilizado o método sexual quando se objetiva a obtenção de variabilidade, em programas de melhoramento da espécie (Pimenta, 1990).

A estaquia, segundo Hartmann et al. (1997), é um processo de propagação assexuada altamente desejável, principalmente pelo fato de as plantas originadas serem idênticas entre si e à planta-matriz, além de ser um método simples, rápido e não requerer técnicas especiais como no caso da enxertia, em que pode haver problemas de incompatibilidade entre enxerto e porta-enxerto. De acordo com Menzel (1985), diversos fatores, como o genótipo, condições fisiológicas da planta matriz, tipo de estaca e condições ambientais influenciam nesse método de propagação.

Em algumas fruteiras, como no caso do abacaxi, realiza-se o processo de cura das mudas a serem utilizadas. Este processo visa a cicatrizar a ferida que ocorre quando a muda é descartada da planta, além de reduzir o risco de ocorrência de podridões, sobretudo em períodos de alta umidade (Cunha & Reinhardt, 2004).

Há uma deficiência muito grande de trabalhos científicos relacionados à pitaya, especialmente no que diz respeito à propagação, desde a obtenção das mudas até o plantio. A única referência que se encontra sobre a propagação, quando relacionada ao tempo de cura e enraizamento, é a de Ortiz et al. (1994), os quais relatam que, para estacas provenientes de cladódios desidratados, o enraizamento deve ser iniciado dois dias após a coleta, enquanto, para cladódios túrgidos, recomenda-se a aplicação de calda bordalesa na base das estacas, para evitar podridões e deixá-las por quinze dias à sombra para cicatrização.

O produtor tem ainda, portanto, pouco conhecimento desta cultura, de modo que trabalhos devem ser realizados, tornando possível a geração e a difusão de técnicas de cultivo. Diante disso e do exposto acima, realizou-se o presente trabalho, que teve como objetivo obter informações quanto à propagação vegetativa desta fruteira, utilizando-se de diferentes fontes de material em função do tempo de cura.

O experimento foi realizado no Ripado de Fruticultura, pertencente ao Departamento de Produção Vegetal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Unesp - Câmpus de Jaboticabal-SP. Foram coletadas estacas de plantas de pitaya de três origens (planta adulta, estacas de brotações de plantas adultas recém-enraizadas e planta em início de desenvolvimento, originária de semente), sendo que as mesmas foram tratadas com fungicida cúprico nos tecidos expostos pelo corte, de maneira a prevenir contra possíveis infecções, e submetidas a 3 períodos de cura: 0; 7 e 14 dias. Durante o período de cura, as estacas permaneceram em condições de ripado, ou seja, 50% de luminosidade, com boa aeração. Em seguida, as estacas foram colocadas em sacos de polietileno, tendo como substrato uma mistura de solo, areia e esterco de curral curtido (proporção 3:1:1) e, 30 dias após, avaliaram-se: ocorrência de enraizamento; volume de raiz; comprimento da maior raiz (cm); massas fresca e seca das raízes (gramas); número e tamanho das brotações nas estacas (cm). Foram realizadas 5 repetições, com 10 estacas cada, totalizando 150 estacas de cada material. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, e os dados analisados, em esquema fatorial 3 x 3 (origem do material x tempo de cura), pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Observou-se 100% de enraizamento das estacas para todas as fontes de material utilizadas, evidenciando a facilidade de enraizamento desta frutífera e discordando do relatado por Bastos et al. (2006), que verificaram enraizamento entre 70,5% e 81,6% em estacas não- tratadas com regulador de crescimento (IBA ácido indolbutírico) e recomendando o uso de 3.000 mg.L-1 de IBA para um acréscimo na rizogênese. Quanto ao volume de raiz, para as 3 fontes de estacas, os maiores valores foram observaram-se quando não se realizou a cura, ou seja, utilizando as estacas logo após a coleta (Figura 1 – Ver figura em arquivos relacionados mais abaixo). Em relação ao comprimento de raiz, da mesma maneira que para volume, observou-se os maiores valores quando não foi realizada a cura das estacas; no entanto, para estacas de planta adulta, o período de cura de 7 dias apresentou os menores valores, diferindo dos demais, o que se deve, provavelmente, ao fato da incidência de fungos nos cladódios, observada visualmente no momento da retirada das raízes, afetando o sistema fisiológico e a rizogênese (Figura 2 - Ver figura em arquivos relacionados mais abaixo). Os maiores volumes de massas fresca e seca das raízes foram observados quando não foi realizada a cura das estacas, independentemente da fonte de material utilizada (Figura 3 - Ver figura em arquivos relacionados mais abaixo). Quanto ao número de brotos, observou-se influência do tempo de cura para planta adulta, obtendo maior valor quando não foi submetida à cura. No entanto, quando se comparam as fontes de material utilizadas, verifica-se que a planta adulta apresentou os menores valores (Figuras 4 e 6 - Ver figuras em arquivos relacionados mais abaixo). Os maiores valores de tamanho de brotos foram obtidos para plantas de estacas, seguidas das de semente, e os menores valores observados, para fonte de material de planta adulta. O tempo de cura não influenciou no tamanho dos brotos (Figuras 5 e 6 - Ver figuras em arquivos relacionados mais abaixo).

Ortiz et al. (1994) relatam que devem-se deixar as estacas por um período de cura de 15 dias antes de utilizá-las; da mesma maneira, a maioria dos relatos de trabalhos com propagação vegetativa da pitaya fala sobre deixar as estacas por períodos de 7 - 8 dias (Crane & Balerdi, 2007; Elobeidy, 2006) ou 5 - 8 dias (Zee et al., 2004), o que, no entanto, vem a discordar com os resultados obtidos neste trabalho, que mostram não haver necessidade da realização da cura do material vegetativo, muito pelo contrário, verificando-se, inclusive, melhores respostas quando não foi realizado este processo.

Nas condições em que o experimento foi realizado, pode-se concluir que a estaquia deve ser realizada tão logo feita a segmentação dos cladódios; melhores resultados são obtidos quando se utilizam estacas obtidas de brotações de plantas recém-enraizadas.

REFERÊNCIAS

BASTOS, D.C.; PIO, R.; SCARPARE FILHO, J.A.; LIBARDI, M.N.; ALMEIDA, L.F.P.; GALUCHI, T.P.D.; BAKKER, S.T. Propagação da pitaya 'vermelha' por estaquia. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.30, n.6, p.1106-09, nov/dez, 2006. CANTO, A.R. El cultivo de pitahaya en Yucatan. Universidad Autônoma Chapingo - Gobierno Del Estado de Yucatan. 53p. 1993.
CRANE, J.H.; BALERDI, C.F. Pitaya growing in the Florida home landscape. Disponível em: http://edis.ifas.ufl.edu/pdffiles/HS/HS30300.pdf. Acesso em 07 de fevereiro de 2007.
CUNHA, G.A.P.; REINHARDT, D.H.R.C. Manejo de mudas de abacaxi. Comunicado Técnico 105. Cruz das Almas, Bahia. Dezembro, 2004.
EBOBEIDY, A.A. Mass propagation of pitaya (dragon fruit). Fruits, v.61, p.313-19. 2006. HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E.; DAVIES JUNIOR, F.T.; GENEVE, R.L. Plant propagation: principles and practices. 6 ed. New Jersey: Prentice Hall. 1997. 770p.
HESEN, A.J.; TÉLLEZ, A. La pitaya se abre paso! Cultivo exótico con potencial para exportación para las regiones tropicales de la America Latina. Agricultura de las Américas (Marzo-Abril):pp 6, 8 y 10. 1995.
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ORTIZ, H.Y.D.; LIVERA, M.M.; TIRADO, T.J.L. El cultivo de la pitahaya (Hylocereus spp) y sus perspectivas en México. Villegas et al. eds. Memórias de La Primera Reunión Internacional y Segunda Nacional Sobre Frutales Nativos e Introducidos con Demanda Nacional e Internacional. Estado de México. México. p.111-122. 1994.
ORTIZ, H.Y.D. Pitaya: un nuevo cultivo para México. Ed. Limusa-Grupo Noriega Editores. México D.F., 1999, 111p.
ORTIZ, H.Y.D.; LIVERA, M.M. La pitahaya (Hylocereus spp): Recurso genético de América. Pimienta B. et al. (ed.s). Memorias del 6º Congreso Nacional y 4º Internacional sobre el conocimiento y aprovechamiento del nopal. Guadalajara. México. p.191-194. 1995.
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Trabalho publicado na Revista Brasileira de Fruticultura, Vol. 29, N° 01

I - Eng. Agr., Dra. em Agronomia - Pós-Doutoranda - UNESP - FCAV - Depto de Tecnologia. Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n. Cep: 14884-900. Jaboticabal/SP. Tel: (16)32092675. e-mail: reandrad@fcav.unesp.br. Bolsista FAPESP
II - Eng. Agr., Prof. Dr., Departamento de Produção Vegetal. FCAV/UNESP. e-mail: baldo@fcav.unesp.br
III - Eng. Agr. - UNESP - FCAV. e-mail: tuliohabib@bol.com.br


Data Edição: 27/07/07    
Fonte: Revista Brasileira de Fruticultura    

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